Finalmente chegavam as prometidas férias de
Natal para os gémeos Jorge e Maria. Andavam no 6.º ano do 2º ciclo e tinham
conseguido concluir o 1.º período escolar com excelentes resultados. Estavam
prontos para fazerem as malas de viagem como lhes tinha pedido o seu pai. Ele
era engenheiro civil e tinha estado a trabalhar na construção de um estádio
olímpico em Copacabana, no Brasil. Em 2016, irão realizar-se neste país os
jogos olímpicos.
Os
gémeos estavam tão contentes que não falavam de outra coisa. Maria estava
ansiosa, imaginava-se a nadar na linda praia, a jogar um pouco de futebol com
meninos brasileiros, que acreditava serem os melhores jogadores do mundo e até
experimentar dançar o samba. O seu irmão Jorge queria muito conhecer e visitar
a estátua do Cristo Redentor, bem lá no alto do morro de Corcovado.
Já tinham tudo preparado, desde as roupas aos
livros e mapas para se aventurarem pela cidade, chocolates e bolachinhas e até
umas pastilhas elásticas para a grande viagem aérea que os aguardava.
Depois de voarem quase um dia, chegaram ao
Rio de Janeiro. Estava muito calor e os gémeos nem estranharam este clima, tão
diferente do de Portugal. O pai tinha-lhes prometido irem passear mas primeiro
tinham que ir à obra do estádio de Copacabana e por isso, decidiram ir
descansar no hotel para recuperarem forças para o dia seguinte.
Quando acordaram, rapidamente os gémeos
vestiram-se e foram ao encontro do pai. Tomaram um bom pequeno-almoço e
provaram frutas exóticas como o coco e o mamão. Em seguida foram de táxi em
direção ao estádio e mal lá chegaram encontraram-se com um colega do pai,
brasileiro, que também vinha acompanhado pela sua filha, a Viviana.
-Olá! Vocês é que são a Maria e o Jorge? -
perguntou a Viviana.
- Sim, somos nós. Como é que sabes? - respondeu
a Maria.
- O meu pai falou-me que iria arranjar uns
amigos brevemente e que eram portugueses. Tenho vindo todos os dias para aqui
mas não existem crianças, só adultos a trabalhar. O pai diz que já falta muito
pouco para estar tudo pronto mas para mim parece-me que o estádio já está
concluído.
A Viviana falava de uma maneira engraçada e
era muito sorridente. Os gémeos também se riam, parecia que já se conheciam há
mais tempo e num instantinho começaram a falar sobre as diferenças que ambos
tinham.
De repente, a Maria viu as pistas de corrida
e logo foi até lá. O Jorge, que não gostava nada de desporto, decidiu ir
sentar-se nas bancadas. Viviana foi ter com Maria e perguntou-lhe:
- O teu irmão não gosta de correr?
- Não, ele não gosta muito de desporto. Diz
que se cansa depressa e prefere fazer outras coisas. - respondeu a Maria um
pouco triste.
- Sabes, acho que o teu irmão ainda não
descobriu aquela sensação de prazer que o exercício nos dá. O que é que ele
mais gosta de fazer?
Viviana estava curiosa.
- O Jorge gosta muito de resolver mistérios,
enigmas. Adora matemática e é o melhor aluno nessa disciplina na escola mas
jogar ou andar de bicicleta, não é com ele. - respondeu a Maria encolhendo os
ombros.
- Tive uma ideia! Vamos cativar o teu irmão
para o desporto e já sei como! - respondeu a Viviana, toda determinada e
ansiosa.
Passado algum tempo das amigas estarem a
conversar, Viviana foi ter com o Jorge e disse-lhe:
- Viste a tua irmã? Encontrei uns patins e
pensei que os podíamos usar naquelas pistas.
O Jorge ficou admirado porque pensava que a
sua irmã estava com ela. Sabia que a Maria nunca parava quieta e por isso,
decidiram ir à sua procura. Junto ao colchão dos saltos em altura, encontraram
um bilhete que dizia:
“ Para me encontrarem terão que calcular onde
me encontro. Cada pista completa tem quatrocentos metros. Corri um quarto de
oito pistas. Quantos metros percorri? Quando obtiverem o resultado, vão até às
bancadas e procurem o lugar com esse número. “
-Adoro problemas! Queres ajudar-me, Viviana?
- perguntou o Jorge todo entusiasmado.
-Claro que sim, gosto muito de enigmas.
Viviana tirou da sua mochila um caderno e um
lápis e começou a escrever.
- Bem, se uma pista completa tem quatrocentos
metros e a Maria só percorreu um quarto de oito pistas, quer dizer que ela fez
oitocentos metros, não achas?
Virou-se em seguida para Viviana que lhe
respondeu:
- Quatrocentos metros vezes oito, dá três mil
e duzentos metros. A quarta parte deste valor é oitocentos metros. Sim Jorge,
concordo. Vamos até às bancadas.
E lá foram os dois amigos em busca dos
números dos lugares. Quando encontraram o assento com o número indicado, viram
outro bilhete que tinha escrito:
“
Parabéns, estão quase a descobrir-me. Agora observem as filas. Elas estão
colocadas por uma certa ordem: fila um, fila três, fila cinco e sempre por aí
adiante. Descubram a expressão geradora desta sequência e vão até aos cacifos
dos atletas. Lá estará o resultado.”
O Jorge esfregava as mãos de contente e
disse:
- Vamos ver: fila um, fila três, fila cinco,
e continua sempre deste modo. Logo dois vezes um é igual a dois, menos um,
resulta em um. Vamos continuar, dois vezes dois, são quatro e quatro menos um,
são três. Assim, a expressão geradora desta sequência é dois n menos um. Anda
Viviana, vamos para os cacifos! - disse o Jorge, agarrando a mão de Viviana.
- Espera, sei onde são os balneários e ficam
do outro lado do estádio, é muito longe daqui. E se fossemos de bicicleta? -
perguntou um pouco receosa a Viviana.
- Boa ideia! É muito mais rápido! - respondeu
o Jorge agarrando numa das bicicletas que estavam no átrio das bancadas.
Pedalando um pouco a custo, Jorge ia-se
entusiasmando. Aquela sensação de velocidade até era bem agradável e num
instante chegaram ao local. Mesmo à sua frente estava uma placa que indicava o
número do compartimento onde se encontravam (dois), a letra correspondente ao
balneário (n) e o piso onde estava localizado (menos um), ou seja, dois n menos
um.
- Uau! Está a correr muito bem, não achas, Jorge?
- disse a Viviana.
- Sabes, estou a adorar! Nunca tinha andado
muito tempo de bicicleta e agora entendo melhor quando a Maria me diz que acha
que vai voar.
E sorriu todo contente.
Olharam em volta mas nada de Maria. Abriram o
cacifo e lá dentro estava mais um bilhete. Tinha escrito:
“ Só falta mais um pouquinho… Vão até à pista
de saltos em barreira. Aí saltem nove barreiras e digam esse número em forma de
potência com base três.”
- Ora, essa é fácil. É três ao quadrado -
disse toda vitoriosa a Viviana.
Os amigos caminharam para a pista de saltos e
depois de concluírem as nove barreiras, mesmo por baixo da última, estava o
último bilhete. Tinha pouco texto e dizia:
“ Muito bem, passaram com sucesso todos os
enigmas. Para terminar, encontrem-me no inverso da entrada...”
As crianças entreolharam-se admiradas. Nada
de contas, nem raciocínios matemáticos. Claro que o Jorge lembrou-se logo do
termo “inverso” aplicado às frações e disse, em coro com Viviana:
- Ai Maria, que brincalhona! Então, o inverso
da entrada é a saída.
E lá foram eles numa corrida até à saída.
A Maria estava com o seu pai e também com o
pai de Viviana. Quando os viu, deu-lhes um grande abraço e perguntou ao Jorge:
- Então, gostaste destes jogos matemáticos?
- Nem imaginas, gostei muito.
Senti-me tão bem, cheio de energia e boa disposição. Sempre com uma enorme
vontade de resolver o mais depressa possível todas as tuas pistas. Estava
desejoso de te encontrar Maria! - respondeu o Jorge muito emocionado.
Viviana também os abraçava e os pais riam-se
satisfeitos. Observavam este novo grupo de amigos que tinham descoberto tantas
coisas novas uns com os outros. Jorge teve uma ideia e disse:
- E se fossemos indo de bicicleta?
Parabéns, Carolina! Também neste espaço, mereces esse destaque!!!
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